Cartas a MV – 53

Francisco Martins Rodrigues 

Carta a MV (56)

29/12/1997

Caríssimo:

Com a PO na rua, dois livros na tipografia e a mudança de instalações quase completa,
posso finalmente vir pôr a correspondência em dia.

Tenho recebido toneladas de publicações tuas, sobretudo em torno do caso Sokal. Já li boa parte do livro e dos recortes e tenho-me divertido imenso. Afinal os nossos sábios pós-modernos andavam a copiar expressões dos livros de matemática sem sequer as perceber, só para fazer efeito junto dos papalvos. O nosso Prado Coelho, que é um desses papalvos, está para morrer e há mais gente fina de rabo entre as pernas. A B fez um comentário sobre o caso na última PO, que já deves ter recebido.

Como deves saber, o importante nesta terra neste dois últimos meses foram as eleições
autárquicas (pré-campanha, campanha, pós-campanha), com um investimento financeiro nunca visto e também um nível reles a tresandar. E a confirmação de que não há alternativas políticas em disputa mas apenas equipas de administradores a empurrar-se, a pisar-se e a insultar-se para conseguir dar nas vistas e ser escolhidos para os cargos. Desta vez, mesmo a anémica extrema-esquerda (?) se deixou arrastar na onda do
marketing, até o MRPP abandonou as suas tiradas antiburguesas, e foram castigados por isso, porque a votação baixou: perderam os votos de protesto contra o sistema e não ganharam outros em troca porque toda a gente sabe que, como governo autárquico, são inviáveis. Os tristes do PC, apesar de fazerem o reclame da sua administração honesta, levaram uma banhada de todo o tamanho (Amadora, Vila Franca!). O que dominou
foi a polarização nacional entre PS e PSD como os dois únicos candidatos credíveis à gerência da firma Portugal. SA. Toda a conversa sobre a importância cada vez maior do “poder local” e da “regionalização” é só conversa. O que conta é o aparelho central.

Com experiências destas, como não hei-de me tornar antiparlamentarista, mesmo que me
digam que isso vai contra o Lenine? A utilização revolucionária do parlamento está muito certo, mas é preciso termos condições para o utilizar e não sermos utilizados (e mastigados, digeridos e depois… evacuados) como aconteceu ao PCP e ao PC(R). Ando a ver se escrevo um artigo para o próximo número sobre a questão da concorrência às eleições.

E tu, vais mandar algum comentário? Contraponto — Embora não tenha ainda estudado os artigos que propões da Derive/Approdi, duvido que seja apropriado, ao fim de tantos meses, fazer um número dedicado à Albânia e com artigos todos da mesma origem. Poderíamos aproveitar um desses artigos, mas o resto deveria em minha opinião ser mais actual. Tens algum outro material em vista?

Como já te disse em carta anterior, proponho-me traduzir o artigo do Michael Lowy sobre o Che (não sei a tua opinião) e estou disponível para outros trabalhos de tradução. E preciso é que tu ponhas a máquina em marcha. (,,,)

Por agora é tudo. Assim que tiver os livros prontos do Thomas e do Founou, mando-te
5 exemplares de cada, para eventuais vendas aí. Um abraço.

 

Cartas a MV – 15

Francisco Martins Rodrigues

Carta a MV (20)

30/3/1989

Caro Camarada:

Julgo que tenhas recebido a minha carta de 16/2, assim como as 1C’ 16, 17 e 16. Recebi o Albatroz (pouco político!!), Monde e outros jornais que tens mandado, tão vale a pena gas­tares dinheiro com o “Courant Alternatif, o “Communisme” c a “Critique Communiste”, já sei o que são.

A última novidade 6 que nos metemos numa frente com os trotskistas mais esquerdistas para concorrer às eleições do Parlamento Euro­peu. Seguem recortes, caso ainda não tenhas lido. Estamos a organizar a lista de candidatos, pro­grama, um comício na Voz do Operário para 24 de Abril, etc. queres vir até cá por três meses fazer campanha? Seria bem bom, acho que se te arranjava ocupação e rendimento para sobrevive­res. O objectivo desta candidatura, é claro, é exclusivamente de denúncia das instituições eu­ropeias e portuguesas, ataque ao governo, etc. Ainda não temos cabeça de lista. Escreve e manda novidades. Um abraço

 

 

Informe à Assembleia de 1/7/1988

Francisco Martins Rodrigues

Estado da OCPO – Depois de uma primeira fase, em que nos concentrámos no trabalho ideológico e falhámos no projecto paralelo de uma corrente sindical em torno da “Tribuna Operária”, e de uma segunda fase (o úl­timo ano), em que fomos forçados a fechar-nos na empresa, as nossas forças encontram-se muito desgastadas. Continuar a ler

Consulta aos camaradas sobre as eleições

Francisco Martins Rodrigues

Consulta aos camaradas sobre as eleições

A fim de preparar um projecto de Manifesto eleitoral, aue será discutido em Assembleia da nossa organização, a 14 de Dezembro, a Direcção decidiu fazer uma consulta prévia a todos os camaradas. As teses e perguntas que a seguir formulamos deverão ser discutidas nos núcleos e devolvidas à Direcção até 20 de Novembro, com respostas escritas. Chamamos a vossa atenção para a importância da par­ticipação de todos os camaradas nos trabalhos desta Assembleia.

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