Crise
Informe à 4ª Assembleia da OCPO
Francisco Martins Rodrigues
Camaradas:
Devido às nossas conhecidas dificuldades, esta 4.ª Assembleia da OCPO realiza-se com alguns meses de atraso sobre a data prevista. Todos tèm decerto presentes as circunstâncias em que reunimos as assembleias anteriores: na assembleia constitutiva, em Março 85, estávamos preparados para uma actividade intensa em todas as frentes, de acordo com as perspectivas abertas pela ruptura com o PC(R): em Julho 86, na 2.a Assembleia, fizemos uma tentativa ambiciosa para romper com os obstáculos e vacilações que se começavam a adensar, através duma ampliação “a todo o vapor” (projecto “Tribuna Operária”); mas na 3.ª Assembleia, em Outubro 87, fomos forçados a reconhecer que não aguentávamos a passada e fizemos um recuo geral para poder manter a revista e salvar a empresa.
Algumas questões em suspenso
Francisco Martins Rodrigues
- Qual deve ser o alvo central da nossa crítica? O revisionismo? a social-democracia? ou o sistema capitalista, origem de tudo? É justo o critério de centrar o fogo na corrente de ideias que forma o travão principal para o avanço da classe operária? Ou, dada a desmoralização a que chegou a classe operaria, é preciso voltar a dar-lhe perspectivas de socialismo por um ataque central à burguesia?
- Teremos que concluir que o alvo do ataque da corrente ML nestes 30 anos estava errado? Mas se não tivéssemos feito tanto fogo contra os revisas, não seríamos hoje revisas?
- A nossa dificuldade em formar corrente não será resultante de não termos respostas positivas e apenas denúncias? Poderia dar-se à O. uma orientação mais programática, indicando o sistema social que queremos, o caminho para lá chegar, posições tácticas que apoiamos no terreno da luta política e da luta reivindicativa?
- É verdade que se esgotou a nossa argumentação em torno de “desenganchar” o proletariado da pequena burguesia? Não há coisas novas a dizer para a demarcação de campos entre as duas classes? Deveria dar-se um cunho mais “obreirista” à O.?
- A crise política da OCPO não poderá vencer-se se centrarmos os nossos esforços na ligação com a classe operária e os seus problemas? Porque não lançarmos uma campanha em defesa da democracia operária para mostrar aos operários que é possível impor a sua vontade se a maioria exigir a obediência da minoria?
- URSS: a perestroika é a política duma classe que atravessa uma crise mas que está a fazer a sua reconversão para dar a volta por cima, ou é a agonia da camada burocrática que administrava o capitalismo de Estado? Se a convulsão social na URSS fosse tão profunda como se crê, poderia ela ter partido da própria cúpula do PCUS? Não teria já dado origem a choques violentos entre forças antagónicas?
- Onde estão os capitalistas russos capazes de comprar as empresas estatais? Não irá a URSS evoluir para uma forma nova do mesmo capitalismo de Estado, modernizado através de joint-ventures com o imperialismo? Não será cedo para cantarmos a derrota do social-imperialismo?
- Se a revolução russa de 1917 se fez a pensar numa revolução socialista europeia que não surgiu, põe-se a questão: Lenine e os bolcheviques estavam enganados? A Europa estava madura para a revolução, mas esta não se deu devido à traição da social-democracia? Quando haverá condições maduras para uma nova revolução proletária em qualquer ponto do mundo?
- O nome de “corrente ML” surgiu há 30 anos lançado pelo PC China e o PTA, na base da fidelidade a Staline, etc. U ma vez que rompemos com essa linha considerando-a centrista, ainda devemos manter a denominação de “ML”? Se não formos ML, o que seremos? só comunistas? comunistas revolucionários? marxistas?
sem data (possivelmente 1987)
Informe à 3.a Assembleia da OCPO
Francisco Martins Rodrigues
- Forças escassas, grandes tarefas
Desde a ruptura com o PC(R) tornou-se evidente a desproporção entre as metas que fixámos à OCPO e as forças reais de que dispúnhamos: elaborar um programa comunista — mas com que preparação teórica? ganhar raízes na vanguarda operária — mas onde estão os militantes capacitados para isso? fazer um largo trabalho de agitação e propaganda — mas que é dos meios técnicos e financeiros?
Guinada à Direita
Política Operária nº 110, Maio-Junho 2007
Acalmia enganosa
Francisco Martins Rodrigues
Fala-se de “desanuviamento internacional” e “regresso à cooperação atlântic”. Na realidade, prossegue em ritmo febril o jogo das grandes potências, ocupando posições com vista a futuros confrontos.
O trunfo de Cavaco
Política Operária nº 103, Jan-Fev 2006
Fim do estado de graça
Política Operária nº 113, Jan.Fev 2008
Proletariado: classe para si ou classe para os outros?
Francisco Martins Rodrigues
No artigo “A arrumação e correlação das forças de classe na sociedade portuguesa”*, Manuel Brotas discute a questão das classes em Portugal, questão há muito praticamente abandonada pelos que entre nós se reclamam do marxismo, talvez sob a influência da propaganda em voga sobre os “arcaicos mitos classistas”. Só por isso, quanto mais não fosse, o artigo é de grande utilidade pela recolha e análise que faz dos números das estatísticas oficiais. Continuar a ler