Carta de João Pulido Valente ao CMLP

João Pulido Valente

Carta ao CMLP

 

3/8/1966

Caros Amigos

Só agora tive oportunidade de contactar com vocês. Há aproximadamente um mês que fui transferido para Caxias. Durante esse tempo inteirei-me do comportamento perante a polícia de todos os camaradas presos, tendo actualmente um conhecimento profundo do comportamento dos camaradas mais responsáveis. Continuar a ler

RELATÓRIO AO CMLP

Francisco Martins Rodrigues

RELATÓRIO AO CMLP[i]

(s. d.)

Como não sei se foram recebidos os dois relatórios anteriores, repito a descrição do meu porte na PIDE, procurando ser o mais completo possível.

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Carta ao CMLP no exterior

Francisco Martins Rodrigues

Lisboa, 27/1/1966

Camaradas:

Recebemos a carta 1/66 e os fundos que indicam. Estamos a tratar de levantar a encomenda na morada indicada. Aproveitamos este portador para tratar detalhadamente algumas questões urgentes. Continuar a ler

Cartas a HN – 16

Francisco Martins Rodrigues

Carta a HN – 16

25/9/2001

Caro Camarada:

Os acontecimentos estrondosos de 11 de Setembro puseram tudo em polvorosa, aí como aqui, certamente. E a P.O. também foi fortemente abalada, porque tivemos que nos pôr a escrever à pressa sobre as lições a tirar do que se passou e de que modo vai afectar a nossa actividade futura. Estamos a esforçar-nos por não deixar atrasar a saída da revista, que espero seja em meados de Outubro. Resulta daqui que uma boa parte dos materiais que estavam para entrar tiveram que ser metidos em carteira, entre eles o teu artigo.

De resto, eu estava para te escrever acerca do artigo, porque nos pareceu (não só a mim) que precisa de alguma reformulação. Estou inteiramente de acordo com a tese central que defendes – a urgência de uma educação política e filosófica do proletariado para que este tome consciência do poço em que está metido e se lance numa luta não só estreitamente económica mas sobretudo política e organizada em Partido – mas isto está dito de uma forma pesada, abstracta, demasiado alongada, que não convida o leitor a chegar até ao fim. Numa palavra, os poucos argumentos que desenvolves não correspondem à extensão do texto. Por isso te propomos que trabalhes o artigo um pouco mais, para publicação futura, ou, se isso não te for possível de imediato, que abordes outro tema. De uma maneira geral, acho que deverias escolher exemplos, casos concretos como ponto de partida para a tese que queres defender. É isso que desperta o interesse do leitor e lhe permite captar a mensagem que queres transmitir.

Sei que não levarás a mal esta crítica, já nos conhecemos o suficiente para trocar ideias em perfeita franqueza. Pelas razões já atrás expostas, o capítulo do Tom Thomas que te deste ao trabalho de traduzir também não será publicado, ao menos por agora. Falas na possibilidade de uma entrevista a uma camarada: manda a cassete quando quiseres. Quanto à “Voz do Trabalho”, está a dar os primeiros passos e, por agora, a preocupação principal é conseguir que a criança não morra à nascença. Todo o apoio ou divulgação que possas dar será bom, pois o núcleo redactorial luta com grandes dificuldades.

Trabalhos práticos: 1) Dirigimos uma carta ao Bloco, UDP, PSR, FER, MRPP e outros grupos da esquerda propondo um encontro urgente para se formar um comité unitário capaz de fazer agitação contra o assalto americano em preparação contra os árabes; não estamos optimistas quanto a respostas porque andam todos empenhados na porcaria das eleições autárquicas e não lhes sobeja tempo para se ocuparem de casos “menores” como este; além disso, receiam queimar-se como “extremistas” e perder votos nas eleições. A esta miséria chegou a esquerda.

2)      Estamos a convocar uma reunião de pessoas mais próximas de nós para ver se lançamos esse tal comité, mesmo que não envolva partidos. Será a 13 de Outubro.

3)      Dia 28 de Setembro vamos a uma concentração promovida pelo Conselho da Paz (revisa) frente à embaixada de Israel. Vamos a ver se aparecer gente. Os revisas, pelo mesmo motivo dos outros, estão encolhidos. Além disso, a sua crise interna tem-se agravado e estão com dificuldades de mobilização. Há em Lisboa uma luta acirrada entre os cunhalistas e o sector intelectual.

4)      Projectamos fazer em Novembro um encontro pelo aniversário da P.O., que gostaríamos de transformar num encontro anual de debate da nossa corrente. Já começámos a fazer convites mas por enquanto não sabemos o que se vai conseguir. O tema central, claro, teria que ser este do “antiterrorismo” dos maiores terroristas que já houve à face da terra, os americanos.

De tudo te darei mais notícias à medida que as coisas se confirmarem. Caro camarada, um abraço e votos de saúde  

Cartas a HN – 1

Francisco Martins Rodrigues

Carta a HN – 1

19/3/1995

Caro Amigo:

A sua carta foi uma agradável surpresa. Não é todos os dias que nos chegam saudações tão amigas e calorosas como a sua. O nosso pequeno núcleo editor da P.O. conta com apoios e colaborações preciosas mas infelizmente escassas e, ao longo destes dez anos que já levamos de caminho, cada vez mais escassas. Vivem-se tempos em que o comunismo não está na moda e as pessoas arredam-se de nós, umas por preconceito, outras intimidadas com a campanha da comunicação social, todas achando-nos mais ou menos excêntricos ou antiquados, por teimarmos em dizer coisas óbvias. Mais saborosa por isso a sua carta, que espero não seja a última.

Pelo que me relata fico com uma ideia dos baldões que deve ter sofrido, aliás como quase todos os aderentes dos grupos ML. Foi uma corrente de ideias que não vingou, embora tenha dito muita coisa acertada e desempenhado um certo papel durante a agitação de 74/75; tendo sido um dos seus iniciadores no nosso país, custa- me reconhecê-lo mas não posso deixar de o fazer.

O mal de partida (em que tenho a minha pesada parte de responsabilidade) foi pensar-se que a crítica à degeneração evidente da URSS devia traduzir-se pelo apoio incondicional ao período anterior (Staline) e aos que mantinham essa bandeira: a China, primeiro, a Albânia, depois. Ora, isso continha um compromisso no qual se deixou ir por água abaixo a capacidade de crítica marxista radical com que tínhamos partido e nos fomos cegando aos poucos, até que a corrente ML se desagregou no meio duma confusão tremenda, que não teria sido inevitável, mesmo que houvesse um recuo temporário.

Houve, é claro, os estragos causados pelos oportunistas. Houve quem fizesse muita trampolinice com o marxismo-leninismo enquanto se julgou que era produto com saída assegurada no mercado, que permitia agrupar umas tantas pessoas, fazer uns comícios e ganhar o apoio de algum país “socialista”. Isto aplica-se a quase todos os grupos, uns em maior, outros em menor grau. Quando veio a derrota do movimento e a desilusão, os que mais se tinham destacado em declarações inflamadas contra a burguesia e o imperialismo sentiram-se obrigados a renegar bem alto, para terem direito a sentar-se à mesa…

Mas misérias destas são inevitáveis em período de agitação, todo o processo revolucionário tem os seus parasitas. Pior foi a falta de lucidez marxista dos sinceros marxistas (e aqui contra mim falo). Tardámos muitíssimo em compreender as chamadas sociedades socialistas, em saber combinar a defesa intransigente das revoluções que lhes deram origem (russa, mas também chinesa, cubana, etc.) com uma crítica igualmente intransigente aos regimes que delas resultaram. Não percebemos que esses regimes eram transitórios, híbridos, e, como tal, iriam desaguar no grande rio do capitalismo. Tardámos em compreender que o fracasso dessas revoluções não foi culpa dos comunistas ou devido a traição deste ou daquele dirigente, mas porque as condições de atraso desses países não lhes permitiam dar o salto que os explorados e os comunistas desejavam. Marx já tinha dito que não se podia esperar a transformação comunista antes de se passar pela explosão produtiva que o capitalismo traz e o próprio Lenine fartou-se de fazer avisos sobre as limitações da revolução bolchevique, que foram depois considerados pessimistas.

Como não chegámos a uma visão de conjunto, coerente, do que eram essas sociedades, oscilámos entre posições igualmente erradas – uns desculpando tudo o que vinha da “pátria do socialismo”, outros considerando-a como “o inimigo principal dos povos”, outros ainda convencendo-se de que a China “boa” jamais seguiria as pisadas da URSS, etc. Foi preciso a derrocada do “campo socialista” para olharmos todo o processo com maior distanciamento e frieza. Agora que se fechou o parêntese, verifica-se que era Marx que tinha razão e que os marxistas não lhe deram ouvidos. Escrevo um pouco sobre tudo isto num artigo que Fiz para a próxima P.O. e que espero que leia. Temos muito orgulho na nossa P.O., em que andamos a batalhar desde 1984, mas não temos ilusões de que o nosso trabalho nestes dez anos no campo do marxismo-leninismo tenha sido alguma coisa do outro mundo. Temos progredido muito mais devagar do que seria necessário. E nestes períodos de refluxo da revolução que se pode aproveitar melhor o tempo para fazer balanços e traçar ideias gerais úteis num próximo ascenso, mas os nossos balanços e programas estão muito inacabados. Se daqui amanhã rebentasse uma nova grande comoção proletária e popular neste país (do que estamos bem livres pelos anos mais chegados…), os comunistas iam ver-se outra vez em palpos de aranha: como assegurar no partido comunista uma boa combinação de centralismo com democracia? como fugir à inevitável tendência de apodrecimento do movimento sindical? como explorar em nosso proveito a farsa das eleições burguesas? como evitar a hegemonia pequeno- burguesa sobre as massas proletárias? como conduzir o movimento revolucionário a fazer frente à repressão burguesa e a encaminhar-se para a conquista revolucionária do poder? como fazer vingar uma autêntica democracia proletária que não se deixe cair sob a pata da burocracia?

Já se sabe que estes problemas são para resolver na luta, não em gabinete, mas é preciso que os erros do passado estejam devidamente apontados e “catalogados”, para evitar que o movimento os repita por falta de conhecimentos. Uma das manifestações mais duras que encontrei do atraso do marxismo no nosso país e na nossa extrema-esquerda foi ver a ingenuidade arrogante com que militantes nascidos no calor da luta achavam que o caminho se descobre espontaneamente e olhavam desconfiados para as minhas preocupações “teoricistas” e “livrescas”. Enquanto o nosso movimento operário for dominado por esse culto da ignorância não poderá ir muito longe. Falta-nos ainda muito para chegar a algo que se possa chamar a “fusão do marxismo com o movimento operário”.

É claro que é preciso acompanhar o sentir do movimento, manter laços com ele, aprender com as suas lutas e nesse aspecto o balanço do nosso grupo também é modesto. Como somos um grupo reduzido (mais reduzido agora do que quando começámos), temos dificuldade em estar presentes nas lutas que se travam e em fazer agitação nos meios operários. A esse propósito, não sei se tem alguma disponibilidade para recolher alguma entrevista ou depoimento de trabalhadores emigrados aí na Suíça, seria uma boa ajuda para nós. Temos aí em Genève um camarada que já nos tem obtido algumas colaborações interessantes mas há muito tempo que não dá sinal de vida.

Para além da revista, cuja distribuição é outra luta que enfrentamos a cada número, lançámo-nos no ano passado no campo da edição de livros. Junto um catálogo para lhe dar a conhecer o que já fizemos e o que temos em preparação. Fora disso, há intervenções no plano sindical, na luta contra o racismo (que vai crescendo a olhos vistos), mas tudo em escala muito incipiente.

Agradeço muito a oferta do livro “Fin del capitalismo”, de que nunca tinha ouvido falar; vou lê-lo atentamente e passá-lo aos outros camaradas do comité de redacção para se analisar da vantagem e possibilidade duma edição portuguesa.

Não sei se esta carta, escrita a correr, lhe deixa alguma impressão de pessimismo, mas se for esse o caso, não se preocupe; é jeito meu ver mais os erros do que os acertos. No balanço final, sou firmemente optimista quanto à inevitabilidade de deitarmos para o lixo o capitalismo e passarmos a viver como seres humanos, em comunismo. E esse de facto o único assunto que me interessa, de há uns 50 anos para cá.

Aceite as minhas saudações calorosas.

Cartas a JM – 6

Francisco Martins Rodrigues

Carta a JM – 6

13/10/1988

Caro Z.:

Em resposta ao teu telefonema pedindo mais indicações para os contactos em Paris, mando junto fotocópia de um artigo de Março 1987, explicando a cisão que houve na “Voie Prolétarienne”. Segundo parece, os elementos que saíram eram praticistas, espontaneistas, opostos à elaboração teórica. Em minha opinião, pelo que tenho lido em alguns artigos do “Partisan”, a tendência geral deste grupo continua bastante influenciada pelo maoísmo e não sabem explicar a derrota da revolução cultural.

Falei aqui com o MV. Tanto para este contacto com a OCML Voie Prolétarienne como para os outros que vais fazer em Paris, podes apoiar-te bastante no MV, que os conhece. Em particular, ele conhece um camarada Charles Paveigne[i], deste grupo, que é quem está mais interessado em traduzir para francês artigos nossos. (É possível que seja este o camarada “Paul” para quem tens uma carta).

Quanto aos portugueses, V e C, o MV também conhece ambos e poderá pôr-te eiam contacto com eles. Atenção, o C tem uma nova morada, diferente da que te dei: (…)

 Era preciso arrancares ao C o compromisso para distribuir algumas P.O. entre a emigração de Paris. O MV também falou na possibilidade de entregar umas tantas P.O. (50, talvez) a uma empresa que faz em Paris e distribuição da “Bola”, etc., e também do “Albatroz”. Vê isso com ele, era muito importante, além das livrarias em que ele já coloca ou vai começar a colocar.

Atenção ! A P.O. nº 16 sai dentro de dias. Assim que as receber envio-te um pacote com 20 exemplares para o SIT, de modo a que os recebas antes de viajares para Paris. Fica atento ao correio. Tens que mandar, no fim da tua viagem, não só o teu “relatório” mas também as tuas opiniões e as dos outros camaradas sobre a nova fórmula da revista, críticas, sugestões, e uma “Carta da Suíça”, para o próximo nº. Posso contar?

Um abraço para ti e outro para a V

 

 

 

 

[i] Charles Paveigne, autor de La Dictature du prolétariat, seule transition au communisme. Catherine Armand, 1979 – 39 pp. (Nota de AB)

Cartas a JM – 5

Francisco Martins Rodrigues

Carta a JM – 5

26/9/1988

Caro Z.:

Só um pequeno suplemento à carta de 13/9, que espero tenhas recebido. Faltou enviar-te uma carta de contacto para Paris. Segue junta, para tu tentares conversar e saber o que são.

A nossa assembleia realizou-se a 17, teve boa participação e discutiu apenas as questões práticas que se relacionam com o novo modelo de revista. Deve sair para a rua em 15 de Outubro. Quanto à festa do 3º aniversário da P.O., que tínhamos marcado para 22 Outubro, concluímos que tem que ser adiada para 12 Novembro. Será na Voz do Operário e o José Mário Branco já concordou em ir cantar.

Sei que telefonaste a dar conta do andamento dos trabalhos. Quando estiver livre da redacção da revista escrevo-te com mais detalhe. Abraços para ti o para a V.

Não esqueças fixar a tua quota !

Cartas a JM – 4

Francisco Martins Rodrigues

Carta a JM – 4

13/9/1988

Caro Z.:

Aqui vão com atraso as indicações que combinámos, as cartas de apresentação e as fotocópias de algumas cartas recebidas para ficares mais dentro do assunto.

O contacto principal é o da OCML Voie prolétarienne, que publica o boletim Partisan e a revista téorica Cause du Communisme. Como só temos a boîte postale, será bom enviares-lbes a carta e assegurares um encontro, para não ires a Paris em vão. Junto com a carta para a OCML vai uma outra para um camarada P, que não conhecemos mas que está especialmente interessado na P.O. e já traduziu alguns artigos para francês. Era muito bom conseguires falar com ele, claro.

Também ligado a este grupo está o camarada P, para quem junto carta. Vive em …, que ele diz ser no sul da França e portanto não faço nenhuma ideia se te fica em caminho. Se não te interessar, destróis a carta que mando junto.

Na área portuguesa e em Paris há duas pessoas para quem junto cartas, e de quem te mando fotocópias das cartas que nos enviaram. O V parece ser pessoa muito esperta e muito culta, emigrado há muitos anos. Alinha-se numa espécie de comunismo de esquerda, com fortes reservas a Lenine, à organização em partido, etc. Ele diz que não é anarquista, mas deve ser muito parecido. Poderia ter interesse conversares com ele, e veres hipótese de apoiar a difusão da P.O. em Paris. O outro, o C, é um ex-camarada daqui que nos escreveu com muito interesse mas há dois anos não dá notícias. Nem sei se ainda mora na morada indicada. Tu verás o que podes fazer de tudo isto.

Mandarei notícias em breve sobre a Assembleia e os trabalhos preparatórios da nova P.O.

Abraços para ti e para a V. E até breve!

 

 

Cartas a JM – 2

Francisco Martins Rodrigues

Carta a JM – 2

8/5/1986

Caro Z.:

Recebemos o pagamento (1.990$00 = 30 francos) das publicações que te enviámos, e agradecemos. Falta-nos agora saber o que pensas daquilo que leste e estranhamos não ter recebido carta tua.

Como poderás verificar quando receberes a PO nº 4 – que sai nesta semana – tomámos a liberdade de publicar extratos da tua carta de 16 de Dezembro.

Gostaríamos de ter colaboração tua, quer no que diz respeito a contactos aí, quer em artigos, notícias, envio de publicações que aches interessantes, etc. Tu dirás aquilo que achas que podes fazer. Para já, sugerimos-te como hipótese uma entrevista aos m-l suíços em que se refiram questões como:

– situação do movimento operário, emigrantes, corrente m-l e caminho para o partido.

“Pour le Communisme” – escrevemos a propor troca de publicações, ainda não tivemos resposta. Achámos os documentos deles, que nos enviaste, um pouco confusos quanto à questão do partido. A distinção entre partido-frente e partido-partido, ultrapassa-nos, parece-nos uma fuga à tarefa. Também se detecta uma fraca ligação à classe operária, o que nos faz supor que se trata de um grupo de intelectuais. No entanto, é de todo o interesse para nós manter contactos, e gostaríamos de saber o que eles pensam da PO, particularmente das questões levantadas quanto ao movimento comnista internacional.

Tradução do Anti-Dimitrov – achamos a ideia interessante, mas neste momento não vemos quem a possa fazer, mesmo em Paris.[i]

Um dos nossos camaradas, o ZB, está temporariamente aí na Suíça, a trabalhar, perto de Genève. Saiu daqui há dias e ainda não temos o endereço dele, mas assim que possível informamos-te, para vocês se poderem encontrar. Se tiveres algum nº de telefone onde possas ser contactado, é conveniente mandá -lo, para o indicarmos ao B. Ele tem o teu endereço.

 Já tens notícias da Elisabeth Étienne ? Ficamos à espera de notícias tuas, entretanto, recebe um abraço do Francisco Martins.


NOTA

[i] A tradução para francês do Anti-Dimitrov acabou por ser feita por Elisabeth Étienne. Foi revista por FMR e Ana Barradas e está pronta para edição. Só falta o editor. (Nota de AB)

Cartas a JM – 1

Francisco Martins Rodrigues

Carta a JM – 1

30/12/1985

Caro Camarada Z.:

Deu-nos muita satisfação a tua carta, por reencontrarmos um camarada de quem nada sabíamos e por saber que a revista te agradou. Não somos muitos mas temos um grupo constituído há cerca de um ano, com núcleos na região de Lisboa e no Porto. Somos a Organização Comunista “Política Operária”, cuja tarefa principal é a edição da revista, mas também intervimos na acção sindical, fazemos debates, editamos manifestos, etc. 0 nosso objectivo, como já viste, é preparar as condições para se poder organizar um partido que seja comunista e não meio-comunista, como é o PC(R). Vai ser um trabalho longo e difícil mas estamos convencidos de que esta fase de propaganda que agora começámos dará os seus frutos. Agrupamos, além de um conjunto de camaradas que saiu do PC(R) em fins de 84, alguns outros que entretanto tinham ficado desorganizados.

Correspondendo ao teu pedido, enviamos hoje mesmo, 30, uma encomenda com: PO nº 1 e 2, Anti-Dimitrov, Manifesto da OCPO, e 3 cartas enviadas ao CC do PC(R) pelos camaradas José Borralho, Ana Barradas e Paulo Meneses, pouco antes de se demitirem. Por estes documentos já ficarás com uma informação mais completa a nosso respeito. Julgo que já deves saber que o principal animador da campanha para nos expulsar do PC(R) foi o Frederico Carvalho (Fred) que há meses acabou por aderir ao PCP revisa.

E tu, como vais? Manda-nos notícias tuas e diz o que pensas de tudo isto. Poderás colocar aí algumas revistas entre camaradas portugueses ou suíços? Vamos escrever ao grupo “Pour le Communisme” a propor troca de publicações. Temos uma assinante aí na Suíça: Elisabeth Étienne (…). Parece que tem uma livraria. Sabes quem é?

Quanto ao pagamento das publicações que enviamos, tu verás a melhor forma de o fazer. Vai a factura junto. Sugerimos que envies em notas dentro de uma carta, é o mais simples.

Aceita um grande abraço meu e dos restantes camaradas Quando pensas vir a Portugal?