Francisco Martins Rodrigues
Carta a JV – 8
7/6/1993
Caro Amigo:
Tive pena de não nos termos encontrado devido à minha dor ciática. Melhorei mas custou; passados uns dias, quando já julgava estar bom, voltaram-me as dores e tive que ficar mais dois dias estendido. Se isto começa a intensifícar-se, estou feito. Lembro-me dos velhos que se viam às portas quando eu era pequeno e que me diziam que estavam “entrevadinhos”. Ainda vens um dia a Lisboa ver o entrevadinho.
Mas por enquanto ainda dou luta. A P.O. já vai para a tipografia. Devido à minha crise reumática, não pude acabar o artigo sobre o Kautsky, terá que ficar para Outubro. Vamos iniciar uma nova série, em formato A4. Quando tiveres oportunidade, poderemos discutir o que pensas da minha proposta de colaboração. Naturalmente, tão cedo não voltas a Portugal?
Quanto ao texto-inquérito do professor J. M. Lages de Famalicão, a Ana diz que já falou com o homem ao telefone mas não consegue nada, ele diz que está tudo entregue no pelouro da Cultura da Câmara Municipal e que só escrevendo para lá. Temos a impressão de que a Câmara tomou posse da exposição, entre grandes elogios, para a abafar, porque o assunto é explosivo.[i]
Por agora é tudo. abraços de todos nós para ti e para a S.
[i] José Manuel Lages foi promotor e director científico do Museu da Guerra Colonial de Vila Nova de Famalicão. Criou a exposição itinerante “Guerra colonial – uma história por contar”, com base nos conteúdos dos “baús de guerra” dos antigos soldados coloniais. (Nota de AB)