Francisco Martins Rodrigues
Carta a HN – 6
13/2/1996
Caro Camarada:
Respondo às tuas duas cartas de 25/12 e 31/1, que nos deram bastante satisfação. A entrevista já não veio a tempo da PO 53, que já está na rua. Talvez a esta hora já a tenhas recebido. Fica para o próximo número. Já a meti em diskete e tive que lhe fazer alguma adaptação, para a reduzir um pouco e sobretudo para dar um tom mais de conversa. Quando as perguntas e respostas são por escrito, nota-se sempre no estilo que fica muito literário, abstracto. Para as próximas, terás que arranjar um gravador (serve desses baratinhos como nós temos) e pôres-te a conversar com o entrevistado, sem qualquer preocupação. A conversa vai-se desenvolvendo normalmente e as perguntas vão-te ocorrendo à medida que o interlocutor falar, há interrupções, esclarecimentos. Não te preocupas com o tamanho, interessa é sacar-lhe histórias, casos pessoais, experiências. É isso que dá vida à entrevista. Depois mandas para cá a fita gravada e nós desgravamos e ajeitamos. Que dizes?
As nossas felicitações pelo vosso trabalho teatral e votos de boa continuação. Lemos os sketches e, se bem que o tipo de público emigrante não permita, ao que julgo, grandes atrevimentos políticos, está aí bem marcada uma pedagogia democrática que deixará as suas marcas na cabeça das pessoas. O MV tem estado finalmente a dar toda a força no seu boletim de notícias, que vai ser expedido amanhã pelo correio. Já conseguimos interessar alguns camaradas que lhe têm dado uma boa ajuda e, embora limitado no plano financeiro, o projecto é para continuar. Ele passou-nos os jornais que vocês mandaram. Por último, tomo nota das colaborações PO que o “comité regional” tem em preparação e fico à espera. Já sabes, para entrar no n° 54, terá que estar na nossa mão até dia 22 de Abril, o mais tardar.
Por agora é tudo, caro camarada. Abraços para ti e para o Z e desejos de bom trabalho.