Francisco Martins Rodrigues
Carta a LC – 9
14/2/1997
Caro Amigo:
A tua produção tem sido intensíssima. Metemos na PO 57 as “Escravas modernas” e no 58 o “Lavrar no mar”, texto bem interessante. Mudei-lhe o título e fiz alguns encurtamentos, mas julgo que não o prejudiquei. Guardei para um próximo número os elementos sobre a penetração alemã na América Latina. O texto sobre os bosques e pescas do Chile, de índole mais ecológica, ficou de lado porque nós, obrigados a optar, temo-nos concentrado mais nos temas directamente políticos, mas de acordo com a tua sugestão, enviei cópia a um grupo do Porto que edita os “Cadernos Insurreição” e que está mais virado para a ecologia. Vamos a ver se o utilizam. O endereço deles, se lhes quiseres mandar algo, é: Cadernos Insurreição (…). São jovens libertários abertos.
Agora ficamos à espera de mais. A PO 58 está na tipografia, vai chegar-te um pouco atrasada, mas vamos já começar a trabalhar para a seguinte. Quanto à hipótese que pões de um dia a Dinossauro te editar produção literária, vem na pior altura. Depois do enorme esforço que representaram para nós os últimos lançamentos (anunciados na PO 57), fizemos contas com a distribuidora e chegámos à conclusão de que estamos falidos, pelo menos por alguns meses. As tiragens são pequenas, a tipografia leva muito dinheiro pela impressão e encadernação e a distribuidora abocanha mais de metade do preço de capa. Resultado: tirando a “Viagem pela América” de Che Guevara, todos os outros nossos títulos deram prejuízo. Mesmo “Os meus anos com o Che”, em que púnhamos esperanças de recuperar algum dinheiro, está a sair mal. Ora, nós vivemos de fazer trabalhos gráficos para clientes, como forma de sustentar a PO e não podemos meter a revista no fundo por causa dos livros. Quer dizer que, quanto a novas edições, proximamente, estamos em jejum. A propósito, não nos poderias dar algum contacto de clientes interessados em trabalhos gráficos (paginação, revisão, fotografia)?
Aceita um abraço