Francisco Martins Rodrigues
Carta a MV (21)
8/5/1989
Caro M:
Respondo às tuas cartas de 30/3 e 16/4. Estranho muito não teres mais uma vez recebido a P.O. Será que não está ninguém em casa da R durante o dia e o correio deita a encomenda fora? Enviei-te mais 4 ex. da PO 18 e 10 ex. da PO 19, espero que já tenhas recebido, assim como a minha carta de 30/3 e alguns papéis da PER.
A candidatura está a andar. Compreendo que seria difícil a tua deslocação. Se pudesses enviar-nos imagens (vídeo) da vida dos imigrantes aí para incluirmos no tempo de antena da TV seria bem bom. Quaisquer sugestões ou tópicos para metemos nos programas rádio e TV serão de grande valor, mas seria precise mandares com urgência.
Tenho recebido livros e jornais teus. O ZM telefonou há dias, está tudo bem mas dificuldades financeiras impedem-no de ir a Paris.
A tradução francesa do Anti-Dimitrov está pronta, vou fazer uma revisão e depois edita-se. Tudo tão lento! Quando isto acalmar escrevo uma carta mais detalhada. Tivemos aqui um encontro com camaradas da Voie Prolétarienne. Confusos, pareceu-me.
Carta a MV (22)
15/5/1989
Camarada:
Um acrescento à minha carta de dia 8. Peço-te que nos informes rapidamente se tiveste conhecimento de que tenha estado alguma banca em nome da FER na festa da “Lutte Ouvrière” que se realizou em 15, 14 e 15 (acaba hoje). Isto porque nós aqui afirmámos não querer participar mas não temos a certeza de que os grupos trotskistas com que estamos a colaborar na FER não nos preguem a partida de ir usar o nome da FER. Diz alguma coisa rapidamente se puderes. E se puderes mandar algum vídeo sobre situação dos imigrantes em França mete-o no correio sem demora, para ver se ainda incluímos no programa que estamos a preparar para a campanha eleitoral.
Vamos fazer aqui um almoço anti-Salazar no dia 28 de Maio, está a haver uma recuperação descarada do fascismo. O Varela Gomes discursa, eu se calhar também. Queres cá vir?
Um abraço
Carta a MV (23)
14/6/1989
Caro Camarada:
Só uma carta breve para te informar da nosso saída da frente da Esquerda Revolucionária que disputa as eleições ao Parlamento Europeu. Foi uma decisão difícil porque sabemos o descrédito que arrasta em torno da esquerda, mas não tivemos outra alternativa porque os nossos sócios trotskistas são desleais em extremo e estavam a violar todos os acordos assinados, procurando servir-se de nós como muleta para a propaganda do seu “partido” em formação e para apresentar uma oposição moderada, reformista, que não correspondia nada ao que pretendíamos desta campanha. Como não tínhamos força para os meter na ordem (a Frente é legalmente propriedade deles), tivemos que sair. Envio comunicados e em breve poderás ver na PO 20 a análise que fazemos do incidente.
De resto, a nossa “guerra” continua. E tu? Não tens mandado jornais nem livros. Não te esqueças de nós. Um abraço